Chegamos no hospital e minha médica já estava lá. (Isso era mais ou menos umas 5h da manhã. Foi ótimo por que não pegamos trânsito algum e o hospital estava super vazio). Fomos para uma salinha para ela me examinar. Ela fez as perguntas básicas - se tinha estourado a bolsa, se eu tava tendo contração e o que eu estava sentindo, brigou comigo por que eu comi paella e depois mediu minha pressão (realmente estava 16x11, mas ela falou que podia estar alta assim por conta da comida mesmo).
Aí ela foi fazer o toque, pra ver se eu estava em TP ou não. (Cara, como doeu. Foi a primeira dor forte que eu senti no trabalho de parto). E, para a minha surpresa, eu estava com 5 cm, na metade do caminho! (tudo bem que era a metade mais fácil, mas já tava na metade). Fiquei assustadíssima e meio passada (acho que eu ainda estava dormindo um pouco), por que eu achava que até chegar a 5 cm eu ia morrer de dor e ia demorar horrores. E eu não senti nada até a hora do toque. Na verdade, eu só fui pro hospital por causa da pressão.
Depois que ela fez o toque, eu comecei a sentir umas dores mais fortes, mas nada muito insuportável demais. Cada hora que doía, eu ficava de cocóras e a Rita fazia massagem na minha lombar - a melhor coisa do mundo. E entre uma contração e outra, andava pra cima e pra baixo. Depois de uns 40 minutos, ela fez outro exame de toque e eu já estava com 7cm. Minha vontade era ter o bebê no quarto, mas a médica ficou preocupada com a minha pressão (que continuava alta) e lá fomos nós pro centro cirurgico.
Até o centro cirurgico eu tive mais umas 5 contrações - cada vez mais fortes - e vomitei bastante. Mas era muito engraçado. Entre uma contração e outra, parecia que nada estava acontecendo, que eu não tinha sentido nenhuma dor. Nessa hora, as contrações já estavam doendo mesmo e eu me agachava e fazia barulhos onde quer que estivesse, não tava nem aí.
Eu não me lembro direito das coisas daqui pra frente. Sei lá, mas parece que fiquei meio em transe. Eu lembro de ter uma contração forte na hora de colocar a camisola, de ficar sentada na banqueta de parto um tempão e do Micael sumir (acho que ele tinha ido levar as coisas pro quarto). A cada contração eu ficava mais nervosa, com medo da dor mesmo.Teve uma hora lá que eu achei que eu não fosse dar conta, parecia que eu não tinha mais forças. (Engraçado que eu não lembro da dor, mas era uma coisa que tirava as minhas energias). Dava pra sentir ele escorregando dentro de mim e meus ossos se abrindo... Parece assustador - e é um pouco, mas era muito bom também. Porque logo logo aquela dor ia acabar e meu bebê ia nascer...
A Dr. Geovana decidiu me dar um remédio para baixar a pressão e eu fiquei bem mais tranquila depois disso, tanto que dilatei mais 1cm em 10 minutos. Mas mesmo com o remédio, minha pressão não baixou tanto - e aumentava a cada pico de dor. E eu meio que estacionei nos 9 cm de dilatação. Ela ficou com medo da minha pressão enlouquecer na hora do expulsivo e acabou me dando anestesia.
Na hora eu achei maravilhoso! A dor parou, eu consegui me controlar e ficar mais focada no parto. Mas em compensação, as contrações pararam. Acabou que tive que tomar um pouco de ocitocina pra elas voltarem. Mas mesmo depois que elas voltaram, eu não conseguia fazer força, por que não sentia nada. A parte ruim foi essa. Veio um médico empurrar a minha barriga e eu tive um trabalhão para conseguir fazer força direito. Foi um trabalho mental mesmo. Eu tinha que prestar atenção no que eu estava fazendo pra poder sair uma força certa.
Eu tava tão focada em fazer força, que nem reparei a hora que ele saiu. Só me lembro de alguém falando que eu podia parar, por que ele já tinha nascido. Micael cortou o cordão, enrolaram ele num paninho e colocaram no meu peito pra mamar. Eu ainda não sei o que eu senti na hora. Foi uma mistura de alívio, com felicidade, com poder. Tudo o que eu precisava naquela hora tava ali comigo: meu filho e o Micael. É um sentimento inexplicável mesmo.
Ele ficou um tempo no meu colo e levaram ele pra dar banho, pesar e medir (3,510, 51,5 cm e apgar 9/9). E enquanto isso a médica ficou esperando a placenta sair e me costurando. Lembro dela elogiando minha placenta e meu colo do útero e falando que eu era parideira e que era pra ter cuidado que, se eu tivesse o meu segundo filho logo, ele poderia nascer em casa, por que meu TP foi muito rápido (eu comece a sentir alguma coisa 3h da manhã, cheguei no hospital as 5h e ele nasceu 7h33)
Hoje eu vejo que meu parto poderia ter sido totalmente diferente. Se eu tivesse com um médico que não acreditasse em parto normal, eu teria 'entrado na faca' fácil fácil. Valeu a pena ir atrás de um médico que respeitou a minha vontade e o meu corpo; Ttá, eu ainda tô um pouco contrariada por ter tomado anestesia. Por mim, podia ter passado sem essa(A dr. Geovana mesmo falou que foi paranóia obstétrica dela). Mas não tem como saber, né? Hoje eu falo isso, mas na hora lá, a anestesia foi a melhor coisa do mundo...
O que eu sei mesmo é que eu passaria por tudo de novo, o tanto de vezes que fosse necessário. Todo mundo fala por aí que depois que o nenen nasce, a gente fica com saudades da barriga. Eu não. Eu tenho saudades mesmo é do meu parto.